A formulação de uma poética pajé visa dinamizar relações entre potências imaginárias extraocidentais e ocidentais, no que diz respeito a teias produtivas mitopoéticas que atuam dentro do espaço-tempo geopolítico que hoje é chamado de Brasil. Busca, a um só tempo, fortalecer “o encontro entre diferentes saberes e o saber do encontro,” ao mover algumas peças do sistema filosófico prático do xamanismo do fundo do cenário estético e cosmopolítico da floresta e colocá-las, em interação, na boca de cena de uma figuração metamórfica plurinacional brasileira, cuja circulação pretende gerar sentidos por meio de copresenças interétnicas, interartísticas e intertextuais. Para esse fim, deixa-se impregnar, em sua tessitura de construção de linguagem, por ressonâncias multidisciplinares da literatura, da performance e da “etnografia multiespécies” ou “da antropologia para além do humano.”