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Esta palestra convida-nos a refletir sobre a forma como a antropologia pode ajudar a transformar a maneira como vemos e nos relacionamos com as plantas. Graças às contribuições das humanidades ambientais, já não pensamos na natureza como um simples pano de fundo da vida humana, mas como uma rede complexa de seres interdependentes. No entanto, no entusiasmo em reconhecer a agência não humana, a própria “humanidade” é frequentemente tratada como uma categoria única e indiferenciada, o que obscurece as múltiplas e concretas formas através das quais diferentes comunidades imaginam e praticam o que significa viver bem. Com base em pesquisas sobre a domesticação da mandioca e numa viagem a uma comunidade ribeirinha no Alto Rio Negro, a palestrante propõe uma compreensão mais íntima e relacional dos encontros interculturais entre humanos e plantas. Reinterpreta divisões antigas — entre as pessoas que fermentam a mandioca e as que produzem farinha de mandioca — e reconsidera o papel histórico desse cultivo durante o ciclo da borracha. Para além da sua adaptabilidade biológica, a mandioca surge como um arquivo vivo de memória e resiliência. A sua importância não reside apenas na sua plasticidade como planta, mas também nas histórias humanas, rituais e práticas que a acompanham ao longo do tempo. A palestrante sugere que a sensibilidade ambiental, por si só, não é suficiente; é necessário também uma antropologia histórica capaz de escutar como pessoas e plantas, juntas, sustentam e reinventam as condições para que a vida floresça.

9 de dezembro | 15h (Lisboa) 

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Link Zoom:
https://us02web.zoom.us/j/82189613561?pwd=Srwk2p3yxptbEJHQp4XUODSLOUhXxL.1