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Para o Ocidente, Amazônia tem sido, ao longo dos séculos, uma tela em branco, na qual se projetam as mais diversas conceções do mundo natural: um Paraíso já perdido no resto do mundo; um El Dorado de riquezas fabulosas; um território de perigos insuspeitados; o último reduto de uma natureza selvagem; uma área onde impera o extrativismo desenfreado e o capitalismo selvagem, e assim por diante. Mas o que é a Amazónia para os povos que habitam a região há milhares de anos? Como se relacionam estas populações com a sua terra? Como respondem às imagens vindas do exterior sobre o seu território? E como se relacionam com outros povos indígenas do Brasil e da América do Sul? 

EcoImagens apresenta uma seleção de cinema indígena sobre a Amazônia que se concentra no vínculo dos povos da região com a sua terra, em diálogo com produções indígenas do resto do Brasil. Numa época de globalização, desterritorialização e desmaterialização das relações humanas, em que grande parte das nossas vidas decorre online, numa realidade virtual e descontextualizada, este cinema chama a atenção para a centralidade dos laços físicos e emocionais com determinados lugares e seres humanos e não-humanos que dão sentido à nossa existência. Nas imagens que nos trazem estes filmes, a Amazônia deixa de ser um lugar longínquo, idealizado por uma mirada externa, e transforma-se numa realidade concreta e palpável através do quotidiano de povos indígenas intimamente ligados aos lugares e seres da sua região. 

As/os cineastas representadas/os neste Festival utilizam o cinema, uma técnica desenvolvida na Europa, para documentar as suas vidas e para nos apresentarem a sua perspetiva sobre a sua terra. Em contraste com a representação da América do Sul e da sua população indígena durante séculos como objetos do olhar ocidental, estes filmes trazem-nos uma visão enraizada no local. As/os realizadoras/es respondem desafio de usar a imagem cinematográfica não como forma de objetificação, mas como um convite para vermos o seu mundo com outros olhos. Através destes filmes, sentimos a Amazônia e o Brasil como lugares onde pessoas, animais e plantas convivem há milénios e onde lutam por continuar a co-existir neste mundo ameaçado pela destruição ambiental. 

1 e 2 de junho, 15h00 | 3 de junho, 19h00 || 2022 
Casa do Cinema de Coimbra e Cinemateca de Lisboa  

 

Programa 

Parentes na Resistência 
1 de junho de 2022, 15h00, Casa do Cinema de Coimbra 

Parente – A Esperança do Mundo (52’), de Graciela Guarani  
A serpente e a Canoa (16’), de Anne Dantes (em colaboração com Ailton Krenak)  
Última Volta do Xingu (37’), de Kamikia Kisedje e Wallace Nogueira  
Mesa-redonda com: Ailton Krenak, Graciela Guarani e Kimikia Kisedje  

Cosmovisões Indígenas
 
2 de junho de 2022, 15h00, Casa do Cinema de Coimbra 

Shuku Shukuwe – A Vida é para Sempre (43’), de Pajé Agostinho Manduca Mateus Kaxinawá e Ikã Nas Bai Muru Huni Kuin 
Mulheres Indígenas Universo de um Novo Mundo (22), de Graciela Guarani 
Wotko and Kokotxi – Uma História Tapayuna (50’), de Kamikia Kisedje
Mesa-redonda com: Graciela Guarani, Kimikia Kisedje 
 
Do Presente para o Futuro 
3 de junho de 2022, 19h00, Cinemateca de Lisboa 

Amne Adji Papere Mba – Carta Kisêdjê para o RIO+20 (11’), de Kamikia Kisedje 
Nossos Espíritos Seguem Chegando – Nhe’ẽ Kuery Jogueru Teri (15’), de Kuaray Poty/Ariel Ortega e Bruno Huyer, com Pará Yxapy, Kerechu Miri/Elza Ortega e Pará Reté/ Elsa Chamorro 
Nhemongueta Kunhã Mbaraete: Conversas n. 4 (53’), de Michele Kaiowá, Graciela Guarani, Patrícia Ferreira Pará Yxapy e Sophia Pinheiro
Mesa-redonda com: Ailton Krenak, Graciela Guarani e Kimikia Kisedje